“Manda nudes, eu nunca te pedi nada!”

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Quem nunca recebeu um pedido desses? Você já que eu sei!

gifO termo ficou popular no Whatsapp, usado para pedir fotos nuas da pessoa com quem se conversa. Com o sucesso atual do Snapchat e sua efemeridade, permitindo que as visualizações durem apenas alguns segundos, a expressão ganhou ainda mais força. O ‘aplicativo do momento’ acabou se tornando a “alternativa perfeita” para quem quer mostrar uma parte íntima do corpo a alguém.

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Pra se ter ideia do fenômeno que a #mandanudes se tornou nos últimos meses, até festa com o tema já rolou aqui no estado. A produtora Antimofo transformou a tag em um evento na casa de festas Fluente , em Jardim da Penha  . E a quantidade de pessoas que aderiram ao movimento e encheram a timeline do evento com nude? Foi polêmica na certa. A galera botou o corpinho pra jogo e a festa deu no que falar.

A popularidade é tanta que os veículos passaram a explorar esse tema das mais diversas formas. No entanto, por se tratar de um assunto mamilos polêmico, é preciso estar preparado para a infinidade de ações e reações que podem ser desencadeadas caso a interpretação não siga a linha de raciocínio que o criador gostaria, como aconteceu com a Revista Tpm  .

Embarcando nessa onda, a revista resolveu lançar uma campanha em sua página do facebook: A publicação desafiava os leitores a enviarem seus nudes para serem publicados na edição de outubro que abordaria o tema “Sexo e tecnologia”.

Em uma atitude inusitada e, digamos, audaciosa, a intenção era publicar as “selfies desnudas” enviadas por leitores maiores de 18 anos e, sem meias palavras, fez o convite dizendo “Tire a roupa, se fotografe no ângulo que você mais gosta (recomendamos deixar o rosto de fora) e bora espalhar seus nudes por esse mundão.”

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A ideia da matéria era discutir e questionar o fenômeno que a #mandanudes se tornou e sua proporção nas redes sociais. Abordando a relação do sexo com a tecnologia, a proposta era utilizar exemplos reais e, para isso, convidou o público a “exercitar a autonomia e a infinita diversidade de seus corpos”. Babado, confusão e gritaria na certa, né? E foi.02

Apesar de deixar claro que o convite era destinado apenas a maiores de 18 anos e que só seria permitido o envio de fotos de si próprio, o pedido gerou muita repercussão negativa e revolta nas redes sociais. Muitas pessoas se sentiram ofendidas e uma enxurrada de comentários repreendendo a ação inundou a página da revista no facebook.

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Depois do tumulto que a campanha gerou na web, a revista decidiu publicar uma nota de esclarecimento em que afirmava que “a intenção era outra”, e pedia desculpas as pessoas que se sentiram ofendidas, admitindo que a abordagem foi feita de forma errônea. Porém, a nota veio apenas como uma explicação, pois eles entenderam que foram mal interpretados. O convite para receber nudes e estampar duas páginas da publicação foi mantido.

Apesar da tentativa de reiterar a proposta, a opinião geral se manteve. O público alegou que o problema nunca foi a forma como fizeram o convite e sim o fato de propagarem que vazar nudes é algo aceitável e compactuar com isso. Alguns leitores ficaram revoltados com a “objetificação dos corpos” e os riscos que a campanha propunha e caracterizaram como “desastrosa” a atitude da revista de lançar um pedido como este.

Em contra partida a uma revista que incentiva as pessoas a enviarem fotos nuas, ilustradores holandeses criaram um site colaborativo para cobrir a nudez nas fotos vazadas de celebridades e transformá-las em imagens artísticas. Numa atitude super bacana, os designers desenvolveram o projeto Unfappening, chamado assim em referência ao ato de vazamento das fotos de vários famosos que foi intitulado “fappening” nos Estados Unidos. Arrasaram na criatividade e ainda colaboram com a de ideia de conscientização contra a exposição e fotos íntimas.

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O que contribui e muito para essa onda de vazamento de fotos (além de campanhas nonsense como a que vimos aqui) é a facilidade que temos hoje de compartilhar qualquer coisa de qualquer lugar do mundo. Vivemos hoje uma “ditadura do like”, em que algumas pessoas são capazes de quase tudo para fazerem sucesso nas redes sociais. E, infelizmente, neste tipo de realidade, um momento qualquer de carência pode ser fatal, trazendo a tona aquela foto íntima (que você não postaria em sã consciência), apenas em busca de uns elogios a mais ou uma fama passageira.

No calor do momento, acabamos nos esquecendo de que na web basta um clique para eternizar algo e transformá-lo em um constrangimento marcado pra sempre na rede. O cyberbullying é hoje é uma prática recorrente na rede, considerada por muitos “terra sem lei”, mas precisa ser combatido com rapidez e eficiência se não quisermos continuar destruindo a vida dos jovens, assim como foi feito com Monica Lewinsky em 1998.

Lembre-se que o vazamento de #nudes na internet é crime, como proposto na Lei Carolina Dieckmann de crimes informáticos.  E mesmo parecendo “marketing de likes” pra alguns como Justin Bieber no instagram  , é o pesadelo de muitos, assim como Stênio Garcia e sua esposa  que foram vítimas de vazamento de fotos íntimas no último mês. Por isso, cuidado com o que compartilha na rede e não seja #falsiane com o coleguinha divulgando nudes alheios em troca de likes, viu?

LUANA-PIOVANI

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